COMO PARTICIPAR


NATUREZAS NACIDADE É UMA BASE DE DEPOIMENTOS SOBRE EXPERIÊNCIAS DE NATUREZA NA CIDADE

PODE SER UM FATO CORRIQUEIRO DO SEU DIA A DIA, UMA SENSAÇÃO ESPECIAL, UMA NOTÍCIA, UMA CURIOSIDADE OU QUALQUER OCORRÊNCIA QUE REMETA VOCÊ À UM ELEMENTO OU SIGNO DE NATUREZA

EXEMPLO DE EXPERIÊNCIAS:

CAÇA OU PESCA DE SUBSISTÊNCIA - NÃO COMERCIAL; CONVIVÊNCIA COM ANIMAIS SILVESTRES, COMO MORCEGOS E MICOS QUE INVADEM NOSSA CASA; FUNÇÕES RELIGIOSAS, COMO AS PLANTAS SAGRADAS DO CANDOMBLÉ OU O SACRIFÍCIO DE ANIMAIS; PRODUÇÃO DE RUÍNAS PELA OCUPAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES ABANDONADAS POR VEGETAÇÃO E ORGANISMOS ESPONTÂNEOS

PENSE EM INSETOS, ANIMAIS, PLANTAS, CHUVA, SOL, VENTOS, MAR, ÁGUA, TERRA, PEDRAS, MOFO, LUA...

COLABORE NARRANDO UM EPISÓDIO NO QUAL A NATUREZA TENHA AFETADO SUA VIDA NA CIDADE, DESCREVENDO ALGUMA VIVÊNCIA SUA, SEJA COTIDIANA, OCASIONAL OU EXCEPCIONAL


TENTE RELACIONAR A HORA E O LOCAL DA OCORRÊNCIA, PARA QUE EU POSSA REALIZAR MAPEAMENTOS, CRUZAMENTOS E OUTRAS ASSOCIAÇÕES ENTRE A SUA E AS OUTRAS EXPERIÊNCIAS POSTADAS

OS RESULTADOS OBTIDOS SERÃO PUBLICADOS NESTE ESPAÇO PERIODICAMENTE


CONTRIBUA NARRANDO QUALQUER TIPO DE EXPERIÊNCIA DE NATUREZA QUE TENHA TIDO NUMA CIDADE

UTILIZE A SEÇÃO DOS "COMENTÁRIOS" PARA FAZER A SUA NARRATIVA E ELA SERÁ PUBLICADA NO BLOG

MENCIONE SE DESEJA DISPONIBILIZAR IMAGEM OU VÍDEO E EU LHE ENVIAREI UMA AUTORIZAÇÃO DE AUTOR PARA VOCÊ ACRESCENTAR O ARQUIVO NO SEU DEPOIMENTO E ATÉ EDITAR O MESMO, CASO QUEIRA

MUITO OBRIGADO PELA SUA VISITA E COLABORAÇÃO




terça-feira, 28 de setembro de 2010

KEEP OFF THE GRASS, OU PROCURE UM QUINTAL







Não que não haja um parque, ou vários. Não que não se vê o verde, até que sim, se vê. Fomos impelidos a buscar um jardim, um verde pra chamar de nosso, um canteiro de grama para pisar, assim como as formigas, calangos, roedores ou qualquer outro.
Onde? Procurar não foi difícil, como disse, a gente vê, mas tocar não. KEEP OFF THE GRASS! Aqui se vêem jardins entre muros, através de gradis, canteiros que parecem estar demarcados para não serem pisados. Mas onde está nosso pedacinho de chão verde? Queríamos nos sentir seguros. Espera aí! Onde então? As possibilidades parecem ter diminuído. Onde estaríamos num lugar público, porém sem sermos interrompidos por algum vendedor de chapéu, colares etc? Onde seria esse lugar que não temos que pagar pra entrar, ou deixar parte de nossas economias em bugigangas? Onde sentar e só se preocupar com formigas? Nossa pequena família, então, saiu em busca de um quintal.
A investigação se deu no dia em que íamos dar uma volta no quarteirão de casa. Queríamos tanto sentar ao invés de passar, queríamos tanto levar a farofa e a galinha, de repente até ouvir um violão. Nós nos deparamos com um portão. THE BRITISH CEMITERY – estava escrito acima, junto ao sino para chamar... Alguém que abrisse a porta. Pelas grades vimos que, por mais que fosse um cemitério, antigo, havia muita grama para caminharmos, e quiçá, sentarmos. Perguntamos: _ podemos entrar? _sim, o cemitério é aberto para visitação. Para nossa surpresa, podíamos entrar no quintal dos ingleses mortos, alguns baianos, mas esses, certamente, com um pé lá de além – mar. Não nos incomodamos com os ex-vivos, até que as lápides conferem certo charme ao lugar... Escritas em sua maioria no idioma britânico, algumas em alemão, outras em hebraico, e finalmente uma ou outra em português. E as formas, e os tipos, e as letras, e os gradis, e pequenas flores, são todos sinais de que finalmente é um cemitério. Mas não fomos ali para saudar ossos alheios, fomos esticar os nossos, experimentar pisar na grama de pé descalço, para nos conectar com a energia da terra, levar umas picadas de formigas, para ouvir uns pássaros, e dali, daquele verde específico poder admirar a linda vista da nossa Bahia. Agora já não damos a volta no quarteirão, seguimos a rua, atravessamos a avenida e tocamos um sino, falamos bom dia, e entramos no nosso quintal de ingleses mortos, e formigas vivas, onde a grama é verde e pode-se pisar à vontade. _ OI, cuidado! Não pise no morto! - uma amiga visitante disse. _Espera aí, tem alguém aqui em baixo? Isso que dá respirar a vida num cemitério, o nosso quintal, a nossa pequena ironia verde.




 
 


ALINE, ELIAS E BETTINA
com aparição de Priscila e Tereza
09/09/2010

SÃO LÁZARO / OMOLÚ, naturezas da Vivian Fraenkel




1.
São Lázaro/Omolú, em Salvador existo nessas diferentes formas – uns me chamam com um nome outros já com o outro – as qualidades continuam as mesmas...
Vivo aqui há muitos anos – no alto, numa greta entre pedras e paredes...e observo os aconteceres – alegrias e tristezas, construções, reformas, gente, mato, muros. Alguns meses atrás começou crescer um ser, bem junto de mim, ao meu lado, me protegendo da chuva e do sol e de poeira. Agrada-me bastante – sendo passageiro, observo a transformação e vejo que com o passar dos tempos meu próprio vestido está mudando.
Diariamente tenho a sorte de observar um acontecimento alegre: abaixo do cantinho - que chamo minha morada - tem um chuveiro – ao céu aberto e na casa – em frente da minha – vive uma mulher que senti prazer em se banhar debaixo de sol, de chuva e de vento – vivendo um pouco que vivo – e eu – claro me divirto com ela...
Quanto tempo isso vai durar? Não posso responder – a vontade de gente é imprevisível e vou contar outra coisa – agora com toda essa chuva – desce uma cachoeira ao meu lado que me preocupa um pouco, pois passa raspando o cantinho que chamo meu – até o momento presente permaneci protegido...mas nunca se sabe de certo qual o destino – agora ajudo na criação de plantas e ervas, que possam aliviar uma dor, tensão, cansaço, tristeza ou simplesmente proporcionar um pouco de calor no inverno que vivemos...
E assim faço parte da história, observado por poucos, participando das vibrações da rede energética deste local que me encontro imerso e do universo – eterna e em constante transformação
JULHO 2010

2.
Consegui achar um espaço para aparecer na cozinha...local priveligiado....



SETEMBRO 2010

NATUREZAS DA CAETANA

Pedro, natureza e cidade não são indissociáveis? não conheço cidade sem natureza (há?) na casa em que moro tem passarinhos variados, rato e barata (1 vez cada), pernilongos, borboletas, minhocas, os "bugs" invisíveis, o sol e a lua e a chuva e as floradas das primaveras e pitangueira e tem fruta (lima-da-pérsia) e um riozinho embaixo da casa (ouço ele, quando enche!), e neste bairro (Pompéia - São Paulo), ainda tem retalhos de mata nativa, sambaqui (!!) e muitos morros rasgados com pedras...! já foi várzea, e antes, havia índios aqui: as ruas são Apinagés, Caiowá, Apiacás, Aimbere...
Mas a visão de natureza mais estranha que já tive nesta metrópole foi numa noite no ano passado, saindo de São Paulo de ônibus, na Avenida do Estado, eu vi no córrego um jacaré e uma capivara!!!!! e não foi delírio, todos viram (ainda bem!)
10/07/2010 18:57:00

sábado, 10 de julho de 2010

MULHER NA ÁRVORE

No caminho da minha casa até a escola, na rua de acesso à igreja de São Lázaro, existe uma árvore na qual mora uma mulher. É uma árvore grande, bem copada, e que está plantada dentro de um canteiro edificado no meio da rua, circundado por uma cerca metálica. Há nele uma mureta em alvenaria, como um vaso gigante no qual existe esta grande árvore. Numa das pontas deste canteiro oval existe um portão na cerca, de acesso para o contato direto com a árvore, resultando esta entrada uma espécie de pequena varanda. Ali reside uma mulher que encontrou proteção e adaptou-se ao espaço da árvore. Acompanho ela desde abril de 2008, e quando passo cedo ela ainda dorme na varandinha, enrolada em panos sobre um colchão. Meio dia eu retorno e a vejo sentada na mureta com um olhar fixo e introspectivo, o colchão apoiado na grade, panos pendurados e cara de poucos amigos - por isso nunca falei com ela. Ao final da tarde ela nunca está lá, somente os seus vestígios a espera. Duas vezes este quadro esteve diferente e me chamou a atenção. Na primeira delas havia um homem no seu colchão. Eram nove horas da manhã, ele deitado alegre com um ar senhorio, e ela em atividade: fogo aceso esquentando algo, ela de pé varrendo a pequena varanda, dando conta da limpeza e arrumação, em funções caseiras, lenço na cabeça, vestindo saia, conversando... sorridente! Da outra vez a diferença também era a presença de um homem, mas estavam silenciosos e carrancudos, ela impassível sentada ao lado, aguardando alguma coisa.


A ocupação deste espaço pela mulher é algo diferente das outras nas quais as pessoas dormem no espaço público e a árvore proporciona a ela diferenciais de conforto e segurança. Sombra, abrigo do vento e da chuva curta, distanciamento da rua, além dos sistemas construídos - mureta e gradil - gerando espaços e aproveitamentos. Outra diferença são os tempos, pois há uma estabilidade nesta ocupação que permite a ela um esteio cuja perenidade está ligada ao movimento do clima, o acender do fogo no frio e o retirar-se na estação mais chuvosa. Há o tempo da árvore, anterior a tudo mais que ali está hoje - rua, casas, carros, pessoas, bichos - detentora de uma estabilidade própria que afirma sua condição particular, cercada e edificada, bem diferente de muitas outras árvores urbanas em espaços públicos de Salvador.


A presença dos homens, sobretudo o segundo carrancudo, pode ser o sintoma de uma das vulnerabilidades daquela mulher, entre muitas que deve enfrentar na rua, mas existe uma territorialidade configurada pela árvore, cujas qualidades de pré-existência e permanência são constituintes de algumas estabilidades diretamente transmitidas para mulher e todos que tenham contato com ela e a árvore, que são seus vizinhos: trabalhadores do entorno, moradores, passantes, depositantes de oferendas, motoristas, guardadores de carros, vigias da guarita da UFBA, além dos insetos, pássaros e outros animais da região.

CRIAÇÃO DE BODES NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM


Nos fundos da Feira de São Joaquim, em Salvador/BA, existe uma criação de bodes destinada ao abastecimento da feira. Ela está localizada sobre o quebra mar que existe ali servindo de abrigo para barcos ancorados. É um corredor estreito construído em alvenaria sobre pedras, sem nenhum tipo de cobertura, que dispensa cercas de proteção e mantém os animais confinados entre a água e o corredor de acesso. O lugar também é utilizado para guardar fardos de lixo reciclado e estes ficam misturados com a forração dos animais.

FORMIGAS NA IMPRESSORA


Em fevereiro de 2008, após a revoada nupcial, uma formiga fêmea fertilizada resolveu formar seu formigueiro dentro de uma impressora multifuncional do Laboratório Urbano do PPGAU-UFBA, no bairro da Federeção em Salvador/BA. Por alguma razão a formiga preferiu o ambiente interno de um equipamento eletrônico e não a construção de um ninho terrestre cavado no solo - a impressora estava localizada dentro de uma sala que possui uma porta de acesso para um pequeno jardim. Os ovos ficaram depositados sob o vidro do scaner e quando a tampa que cobre este vidro era aberta, a luz assustava as formigas adultas e elas carregavam todos ovos para o compartimento interno. Ao fechar a tampa elas traziam novamente todas para o mesmo local. A impressora foi levada para assistência técnica, mas houve a perda de componentes básicos e não obteve mais concerto. Com isso perdeu-se a impressora e o formigueiro. O técnico responsável pelo atendimento relatou que esta ocorrência não era um fato raro. Veja o vídeo acima.