COMO PARTICIPAR


NATUREZAS NACIDADE É UMA BASE DE DEPOIMENTOS SOBRE EXPERIÊNCIAS DE NATUREZA NA CIDADE

PODE SER UM FATO CORRIQUEIRO DO SEU DIA A DIA, UMA SENSAÇÃO ESPECIAL, UMA NOTÍCIA, UMA CURIOSIDADE OU QUALQUER OCORRÊNCIA QUE REMETA VOCÊ À UM ELEMENTO OU SIGNO DE NATUREZA

EXEMPLO DE EXPERIÊNCIAS:

CAÇA OU PESCA DE SUBSISTÊNCIA - NÃO COMERCIAL; CONVIVÊNCIA COM ANIMAIS SILVESTRES, COMO MORCEGOS E MICOS QUE INVADEM NOSSA CASA; FUNÇÕES RELIGIOSAS, COMO AS PLANTAS SAGRADAS DO CANDOMBLÉ OU O SACRIFÍCIO DE ANIMAIS; PRODUÇÃO DE RUÍNAS PELA OCUPAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES ABANDONADAS POR VEGETAÇÃO E ORGANISMOS ESPONTÂNEOS

PENSE EM INSETOS, ANIMAIS, PLANTAS, CHUVA, SOL, VENTOS, MAR, ÁGUA, TERRA, PEDRAS, MOFO, LUA...

COLABORE NARRANDO UM EPISÓDIO NO QUAL A NATUREZA TENHA AFETADO SUA VIDA NA CIDADE, DESCREVENDO ALGUMA VIVÊNCIA SUA, SEJA COTIDIANA, OCASIONAL OU EXCEPCIONAL


TENTE RELACIONAR A HORA E O LOCAL DA OCORRÊNCIA, PARA QUE EU POSSA REALIZAR MAPEAMENTOS, CRUZAMENTOS E OUTRAS ASSOCIAÇÕES ENTRE A SUA E AS OUTRAS EXPERIÊNCIAS POSTADAS

OS RESULTADOS OBTIDOS SERÃO PUBLICADOS NESTE ESPAÇO PERIODICAMENTE


CONTRIBUA NARRANDO QUALQUER TIPO DE EXPERIÊNCIA DE NATUREZA QUE TENHA TIDO NUMA CIDADE

UTILIZE A SEÇÃO DOS "COMENTÁRIOS" PARA FAZER A SUA NARRATIVA E ELA SERÁ PUBLICADA NO BLOG

MENCIONE SE DESEJA DISPONIBILIZAR IMAGEM OU VÍDEO E EU LHE ENVIAREI UMA AUTORIZAÇÃO DE AUTOR PARA VOCÊ ACRESCENTAR O ARQUIVO NO SEU DEPOIMENTO E ATÉ EDITAR O MESMO, CASO QUEIRA

MUITO OBRIGADO PELA SUA VISITA E COLABORAÇÃO




sábado, 10 de julho de 2010

MULHER NA ÁRVORE

No caminho da minha casa até a escola, na rua de acesso à igreja de São Lázaro, existe uma árvore na qual mora uma mulher. É uma árvore grande, bem copada, e que está plantada dentro de um canteiro edificado no meio da rua, circundado por uma cerca metálica. Há nele uma mureta em alvenaria, como um vaso gigante no qual existe esta grande árvore. Numa das pontas deste canteiro oval existe um portão na cerca, de acesso para o contato direto com a árvore, resultando esta entrada uma espécie de pequena varanda. Ali reside uma mulher que encontrou proteção e adaptou-se ao espaço da árvore. Acompanho ela desde abril de 2008, e quando passo cedo ela ainda dorme na varandinha, enrolada em panos sobre um colchão. Meio dia eu retorno e a vejo sentada na mureta com um olhar fixo e introspectivo, o colchão apoiado na grade, panos pendurados e cara de poucos amigos - por isso nunca falei com ela. Ao final da tarde ela nunca está lá, somente os seus vestígios a espera. Duas vezes este quadro esteve diferente e me chamou a atenção. Na primeira delas havia um homem no seu colchão. Eram nove horas da manhã, ele deitado alegre com um ar senhorio, e ela em atividade: fogo aceso esquentando algo, ela de pé varrendo a pequena varanda, dando conta da limpeza e arrumação, em funções caseiras, lenço na cabeça, vestindo saia, conversando... sorridente! Da outra vez a diferença também era a presença de um homem, mas estavam silenciosos e carrancudos, ela impassível sentada ao lado, aguardando alguma coisa.


A ocupação deste espaço pela mulher é algo diferente das outras nas quais as pessoas dormem no espaço público e a árvore proporciona a ela diferenciais de conforto e segurança. Sombra, abrigo do vento e da chuva curta, distanciamento da rua, além dos sistemas construídos - mureta e gradil - gerando espaços e aproveitamentos. Outra diferença são os tempos, pois há uma estabilidade nesta ocupação que permite a ela um esteio cuja perenidade está ligada ao movimento do clima, o acender do fogo no frio e o retirar-se na estação mais chuvosa. Há o tempo da árvore, anterior a tudo mais que ali está hoje - rua, casas, carros, pessoas, bichos - detentora de uma estabilidade própria que afirma sua condição particular, cercada e edificada, bem diferente de muitas outras árvores urbanas em espaços públicos de Salvador.


A presença dos homens, sobretudo o segundo carrancudo, pode ser o sintoma de uma das vulnerabilidades daquela mulher, entre muitas que deve enfrentar na rua, mas existe uma territorialidade configurada pela árvore, cujas qualidades de pré-existência e permanência são constituintes de algumas estabilidades diretamente transmitidas para mulher e todos que tenham contato com ela e a árvore, que são seus vizinhos: trabalhadores do entorno, moradores, passantes, depositantes de oferendas, motoristas, guardadores de carros, vigias da guarita da UFBA, além dos insetos, pássaros e outros animais da região.

CRIAÇÃO DE BODES NA FEIRA DE SÃO JOAQUIM


Nos fundos da Feira de São Joaquim, em Salvador/BA, existe uma criação de bodes destinada ao abastecimento da feira. Ela está localizada sobre o quebra mar que existe ali servindo de abrigo para barcos ancorados. É um corredor estreito construído em alvenaria sobre pedras, sem nenhum tipo de cobertura, que dispensa cercas de proteção e mantém os animais confinados entre a água e o corredor de acesso. O lugar também é utilizado para guardar fardos de lixo reciclado e estes ficam misturados com a forração dos animais.

FORMIGAS NA IMPRESSORA


Em fevereiro de 2008, após a revoada nupcial, uma formiga fêmea fertilizada resolveu formar seu formigueiro dentro de uma impressora multifuncional do Laboratório Urbano do PPGAU-UFBA, no bairro da Federeção em Salvador/BA. Por alguma razão a formiga preferiu o ambiente interno de um equipamento eletrônico e não a construção de um ninho terrestre cavado no solo - a impressora estava localizada dentro de uma sala que possui uma porta de acesso para um pequeno jardim. Os ovos ficaram depositados sob o vidro do scaner e quando a tampa que cobre este vidro era aberta, a luz assustava as formigas adultas e elas carregavam todos ovos para o compartimento interno. Ao fechar a tampa elas traziam novamente todas para o mesmo local. A impressora foi levada para assistência técnica, mas houve a perda de componentes básicos e não obteve mais concerto. Com isso perdeu-se a impressora e o formigueiro. O técnico responsável pelo atendimento relatou que esta ocorrência não era um fato raro. Veja o vídeo acima.